Na região das minas, teve origem, no século XVIII,
uma das mais belas celebrações quaresmais de Minas Gerais - o Setenário das
Dores de Nossa Senhora -, celebrado nas sete sextas-feiras que antecedem a
Semana Santa. É importante observar que o tema das dores de Maria,
certamente utilizado pela Igreja Católica para despertar a piedade dos
fiéis, é dos mais recorrentes na história da arte, especialmente na pintura,
na escultura e na literatura, além da música. Na literatura brasileira, por
exemplo, o tema inspirou um importante livro do poeta marianense Alphonsus
de Guimaraens - o Setenário das Dores de Nossa Senhora. Inspiradas em
conhecidas passagens bíblicas do Novo Testamento, as sete dores de Maria são
representadas por sete punhais de prata cravados no coração da Virgem
Imaculada. São elas:
1. a
apreensão ao ouvir a sentença do velho Simeão sobre o destino de Jesus;
2. a agonia
na fuga da Sagrada Família para o Egito;
3. a aflição
com o desaparecimento de Jesus no templo de Jerusalém;
4. o
encontro com Jesus carregando a pesada cruz;
5. o
sofrimento ao presenciar a crucificação de Cristo;
6. o
desespero ao receber nos braços o corpo do Cristo crucificado;
7. a
soledade decorrente da ausência física de Jesus, após a crucificação.
O compositor
Jerônimo de Souza Lobo, compositor, organista,
violinista e flautista, nasceu em Vila Rica (hoje Ouro Preto). As datas de
seu nascimento e morte são desconhecidas, embora se saiba que atuou de forma
marcante entre 1780 e 1810 em sua cidade natal. Provável filho e
testamenteiro do “patriarca musical de Vila Rica”, Antônio de Souza Lobo,
Jerônimo era pai do compositor Antônio de Souza Queiroz (m. 1829) e há
indícios de que tenha sido pai também do compositor Jerônimo de Souza Lobo
Queiroz. Foi membro da Irmandade de São José dos Homens Pardos e atuou, a
partir de 1780, como regente e organista da Irmandade do Santíssimo
Sacramento de Vila Rica, na Matriz de Nossa Senhora do Pilar, e, também,
como organista da Ordem Terceira de Nossa Senhora de Monte do Carmo de Vila
Rica.